É esta a pipa e prefiro que sejas tu a encher os cálices. Assim. O vinho sobe na fina mangueira sorvido pela tua boca: o horror ao vácuo. Lei da física, a lei do amor. Pouca, a luz da loja começa a juntar-se à dócil turbulência e leva as sombras para o tecto onde ficam suspensas como seda. Ouves o sol da vinha velha ressoar nas palavras, o pai e a mãe, há tantos anos, aqui ao pé de nós? O vinho é uma ausência de pássaros incógnitos que, um a um, começam a pousar-te no cabelo.
in O homem que fugiu com o rio às costas (inédito)
Comments
Um comentário a “Um cálice de Porto”
Não conhecia , até hoje António Cabral, foi através do livro de Balbina Mendes que o descobri. E estou feliz e surpreendida com a minha .
descoberta.