O Grupo do Meio foi dar a uma aldeia em cujos terrenos ladeirentos abundavam olivais. Facilmente encontrou patrão que, mirados e remirados os farsolas, logo propôs trabalho no varejo das oliveiras e apanha da azeitona. Que sim-senhor, anuíram imediatamente. O mês de Dezembro corria friorento, com algumas rajadas de vento que faziam cair a azeitona, a qual, uma vez no chão, ficava cozida e recozida com a geada. Apenas chegaram ao olival, nuestros hermanos, porque tal azeitona lhes abria o apetite, começaram a manducá-la como viram fazer aos tordos,
– e estes bem gordinhos e ligeiros que andam.
O patrão, que não era trouxa, interveio, recomendando que comessem à-vontadinha, mas deixando cada um seu montinho de carunhas em cima de uma lájea. E eles, agradecidos:
– Prò céu vá o fidargo1.
Ao fim do primeiro dia de labuta, o dono saiu-se-lhes com esta, cofiando a barbicha:
– Bom, temos de fazer contas.
Olhou para os montículos de carunha e disse:
– Segundo os meus cálculos, vós ainda me deveis dinheiro, pois cada azeitona vale um tostão.
E eles meio azoinados:
– Prò inferno vá o fidargo.
E desandaram com o rabo entre as pernas.
- fidalgo ↩︎