“O autor tem dedicado ao tema obras de importância capital. Ele é o mais importante dos raros estudiosos portugueses neste sector da antropologia social. A esta editorial a importância de ter reunido na colecção “Coisas Nossas” livros tão marcantes como Jogos Populares Portugueses de Jovens e Adultos, Teoria do Jogo e, agora, este terceiro tomo.”
Viale Moutinho
Opiniões
“O autor tem dedicado ao tema obras de importância capital. Ele é o mais importante dos raros estudiosos portugueses neste sector da antropologia social. A esta editorial a importância de ter reunido na colecção “Coisas Nossas” livros tão marcantes como Jogos Populares Portugueses de Jovens e Adultos, Teoria do Jogo e, agora, este terceiro tomo. Para além do inventário dos jogos, há o próprio estudo teórico da actividade lúdica aqui compreendida. Um índice remissivo dos jogos infantis recolhidos por António Cabral, em muitos casos, recupera do esquecimento alguns deles. E vale a pena colhermos algumas designações curiosas: alhas-alhas, apitos e gaitas, arranca-cebola, bacalhau, barra da bandeira, testa quadrada, bom barqueiro, caça às cegonhas, carvalhinha seca, cegos e paralíticos, coelhinha que procura a toca, dona-sancha, eixo do era uma vez um homem, fulaninho que me matam, garrafa de lixívia, joão-grosso, macaquinho do chinês, ordens na tropa, prego no caracol, rabo de burro, rompe o touro, senhor mestre sapaterio (sic), três paulitos, trincopeido, richo, entre outros.
“Até à idade escolar”, escreve António Cabral, “o jogo é, de facto, a mais séria, isto é, a mais exaustiva ocupação da criança, o que não quer dizer, só por si, que o jogo seja entendido a sério, embora, como veremos, ou seja, efectivamente.” E, a propósito de chamar aos jogos infantis jogos populares, Cabral justifica-o “pela simples razão da sua simbologia se liga, na esmagadora maioria dos casos, aos costumes do povo, mormente do povo rural. E ainda porque as crianças, seja qual for a classe social dos seus pais, os jogam indistintamente. Quando o não fazem, temos sempre se suspeitar de uma anormalidade ou de uma intervenção paterna, por vezes subtil”.
Neste seu novo livro, António Cabral estuda o “eu” e o “outro” no jogo infantil, a função dos jogos populares no ensino, os parques infantis e as ludotecas, seguindo-se, então, os jogos populares propriamente ditos, com as suas regras fundamentais.
Este Jogos Populares Infantis constitui um obra importante para professores, pais, educadores, nomeadamente os responsáveis por escolas, jardim-escolas e ludotecas. Trata-se de um instrumento de trabalho de extrema utilidade. Indispensável.1“
- MOUTINHO, Viale – Entre os jogos e as origens árabes. Diário de Notícias. Lisboa. Ano 127º, N.º 44802 (21-11-1991), pag. 53 ↩︎