– Donde vem a carta,
senhora Maria?
– Vem da capital
é da Companhia.
(A Maria Pêdra
tem um ar de pedra
onde nem deixaram
crescer uma erva).
– E que diz a carta,
senhora Maria?
– Que no Douro o sol
nasce ao meio-dia.
(A Maria Pêdra
fala como quem
entra numa igreja
e não vê ninguém).
– É sobre o seu filho,
senhora Maria?
– Tivesse eu dinheiro
que nada haveria.
(A Maria Pêdra
tem no pensamento
um velho estandarte
flutuando ao vento).
– Mas que diz a carta,
senhora Maria?
– Pudesse eu falar
contra a Companhia!…
(A Maria Pêdra
é como o poeta
que mete os poemas
dentro da gaveta).
Música e interpretação por Francisco Fanhais