Desciam por um caminho de cabras e assomaram a um fragão donde se contemplava, a meio da encosta fronteira, um povoado que lhes chamou a atenção. Fosse da graça que acharam a tanta janela e cal reluzente, sinal de conforto, fosse da grandeza que respirava o solar duma quinta, mais abaixo, decidiram romper o acordo de trabalhar para o fidargo das azeitonas e puseram-se em marcha para a outra banda. Quem se muda Deus o ajuda, ora pois.
Ao chegarem ao rio, viram um barco e um deles gritou ao barqueiro que fosse buscá-los depressinha,
– si non…
– Se não?! Se não quê, seu galego?
– Si, non… quedamos por acá
– Ah!
E partiram, tendo de pôr os tlíntamos a dobrar por causa da urgência. Já no outro lado foi o bom e o bonito. Queria o homem do barco marcá-los, antes de regressar, e arremessou contra o mais chibante uma joga do rio que lhe foi bater em cheio na tola. Aferroados, os galegos ripostaram, pegando no que por ali tinham à mão: torrões de lamiça que primeiro boleavam, disparando-os em seguida.
Ora à noite, os galegos contaram na taberna que os bólides iam direitinhos à fucinheira do portuguesito,
– cachaplás, plás!,
deixando-lha tão preta como a dum carvoeiro.
E, durante a ceia, o portuguesito contou à mulher que na refrega apanhava as jogas da margem, umas reboludas, outras esquinudas, certeiras como zagalotes, atirando-as à testa de cada um dos bisnaus, a qual ficara em papas e a esguichar sangue.
– Cachaplim, plim. Era cacho como nabo.