O molho de giestas

Avatar de António Cabral

Publicado em

Quando vem ao longe com um molho de giestas,
talvez ela pareça outro molho
em posição vertical. Desajeitada.
Um dia,
um turista, depois de a fotografar
com um ar de arqueólogo, e de lhe atirar
uns olhos vomitados sobre os pés,
cuspiu muito simplesmente para o lado.

Vinha descalça. Talvez por comodidade,
talvez por necessidade.
Cá na terra acham isso natural
e ninguém faz reparos a não ser ao domingo.
Anda como pode. Os filhos, a noite de pedra
e o mais de que um dia se falará
tornaram-na bem semelhante a uma coisa do mato.

Assemelhar-se-á, pois, a um molho de giestas.
Se o for, é de giestas em flor.

Newsletter

O correio que traz poesia