Pós 25 de Abril

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O 25 de Abril foi caindo aos poucos
das páginas da memória como candeeiros de rua.

Os que o não viram mal se apercebem
e entre os outros há quem ache natural,
tanto mais se alguém o recorda com um cravo
ao peito.

De Sagres aos Cornos das Alturas, passando
por S. Salvador do Mundo,
ouve-se um rumor, espécie de abelhas,
algumas dentro e as mais, expulsas da colmeia,
estas aliás muito semelhantes aos que, descendo
a favorável corrente, tivessem de puxar
o barco rabelo à sirga,
a fim de proporcionarem aos convivas
uma boa deglutição da paisagem.

Só o voo da garça teima em unir as duas margens
com o verde rubro pendente do bico.

in Notícias de Vila Real (21-04-2004)

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