5. A raposa

Quinta de Malvedos por Emílio Biel

A paparoca deu-lhes para se endiabrarem e, quando já iam nas andadeiras, atoparam à beira do caminho uma raposa morta e entourida. Miraram-na bem, miraram, e deu-lhes para descarregar sobre ela as fúrias e desnortes provocados pelo sumo azedo que lhes ardia no estômago, tanto mais que a raposa, inchada como estava e peludeca, lembrava-lhes um bombo da festa dos Lázaros em Verín. Travou cada qual de seu palo e zabumbaram nela forte e feio. A cada pancada, a salta-pocinhas ora se virava para um lado ora para o outro, saltando mesmo ao ar. E eles enraivecidos:

– Reviva que não reviva, levar há-de as levar.

in Douro – Estudos e Documentos, Outubro 2004